segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Razão ou Não-Razão (aforismos sobre o pensamento)


Existe uma profunda questão, uma rixa, um conflito entre a razão como norte para o contato e interação com a experiência da existência o que se denomina por “real” ou “realidade”, e seu oposto; a Não prevalência da valorização da Razão, a Não-Razão. Não pretendo discutir para qual fim. Apenas o conflito, a escolha, entre uma e outra. Algo que se situaria na filosofia da ciência ou próximo a uma filosofia das idéias e dos discursos. Esse conflito tem sua arena e materialidade nos discursos que tratam de “ideologias”. Estranho? Óbvio! Seu registro se da nas falas que refletem algum tipo de agremiação, grupo, ideal. Fé, partido, teoria artística, movimento político parece de alguma forma poder se incluir numa categoria de classificação do discurso filosófico como aqueles que têm em comum o fenômeno de manifestar em seu conteúdo e entrelinhas algo como uma tomada de posição sobre a opção da prevalência da Razão ou da Não preconização da Racionalidade.

Uma questão de orientação à ação? Então, uma questão ética. Não só isso, mais do que isso. Sim, por um lado uma questão ética, posto que se busca naquelas opções, naquele contraste, uma orientação a ação. Algo para suprir a angustia da qual falava Sartre. E desse modo uma questão de valor, logo que nesse ponto sou levado a perguntar; orientar a ação para quê? Para uma interação mais efetiva e propícia para o Homem, o grupo, a sociedade? Uma melhoria, conforto? E perguntar ainda; o que é propriamente “propício”? Ou; "propício" para quem? Ai Então uma questão de Valor, Valores. Uma questão Moral. E um pouco mais; Se tudo isso por fim apontaria para uma moral permanente?

Num outro olhar, mais vulgar, essa dilema se observara claramente nos enunciados; razão ou emoção? Sensibilidade ou racionalidade. Ou ainda na metáfora cabeça ou coração.

domingo, 7 de outubro de 2007

Um olhar inicial sobre a Fé sincera e a Ironia


Somente dois tipos de pensamentos não são medíocres

São esses; a fé sincera, e a, a dúvida radical sobre tudo.

Na história da humanidade a maior parte do pensamento se atrelou a um desses dois lados. A própria definição de lados não sem encaixa perfeitamente como definição, mas sim como uma figura que une essas tais categorias de pensamento. Tanto a fé sincera - não me refiro aqui a qualquer impulso da caridade ou virtude, mas sim ao impulso ou tendência em crer profundamente em dada “realidade” metafísica e transcendental com ordenadora e influente nessa “realidade”; Quanto à dúvida cartesiana aprimorada, a ironia radical e ampla; tem pontos comuns, posto que sob certo ponto de vista são pensamento engajados, obstinados e correspondentes, cada um a sua forma, a toda uma ordem ou rede discursiva lógica e moral próprias. Porém somente um dos dois é propriamente racional e intelectual.

Um lado crê. O outro duvida.
Eis nossa alegoria e paradigma plausível.

Esse é o “.”

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Dia de índio

A DÍVIDA EXTERNA DA EUROPA

Índio surpreende chefes na reunião de cúpula

Com linguagem simples, que era transmitida em tradução simultânea para mais de uma centena de chefes de estado e demais dignatários da Comunidade Européia, o discurso do Cacique Guaicaipuro Cuatemoc provocou um silêncio inquietante na audiência quando falou:

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos.

O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento, com juros, de uma divida contraída por um Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu, um rábula, me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento, também posso reclamar juros.

Consta no Arquivo das Índias. Papel sobre papel, recibo sobre recibo, assinatura sobre assinatura que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América

Terá sido isso um saque?

Não acredito porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao Sétimo Mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas que qualificam o encontro de "destruição da Índias" ou Arturo Uslar Pietri, que afirma que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos retirados das Américas!

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de outros empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Eu, Guaicaipuro Cuatémoc, prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "Marshal-tezuma", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho diário e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrarmos o Quinto Centenário desse Empréstimo, poderemos nos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses recursos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indo-americano Internacional?

É com pesar que dizemos não.

No aspecto estratégico, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem um outro destino a não ser terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como um Panamá, mas sem o canal.

No aspecto financeiro foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto se tornarem independentes das rendas liquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar. E nos obriga a reclamar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos para cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos emprestados, acrescidos de um módico juro fixo de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 180 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300. Isso quer dizer um número para cuja expressão total seriam precisos mais de 300 cifras, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata! Quanto pesariam calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para pagar esses módicos juros seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demência irracionalidade dos pressupostos do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam aos índo-americanos.

Porém exigimos a assinatura de uma carta de intenções que discipline aos povos devedores do Velho Continentes e que os obrigue a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permita nos entregá-la inteira como primeira prestação da dívida histórica."

Site com a carta

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Com o direito à Pessoa, algumas palavras e um pouco de poesia...


Hoje acordei comigo que quero viver mais leve

E voar pelas janelas do meu quarto,

pelas do quarto Fernando pessoa e por mais outras milhões do mundo

Voar a porta da tabacaria e

Não mais desejar os chocolates.

E no fim do dia, bem à tardinha,

ser só o bom Esteves, sem metafísica,

voltar para casa

para coabitar com a mesma “senhora”,

a filha da lavadeira com quem me casei

quando o melancólico homem da janela de fronte a tabacaria desistiu de fitá-la, faz muitos anos,

Hoje fui à tabacaria,

e na saída ele estava lá a perscrutar da janela,

temendo a morte, sendo nada.

Quanta metafísica ao sacudir as mãos como criança,

e me gritar: - “Adeus ó Esteves”....

E vim embora sem nenhuma metafísica.

(PUPO, Guilherme - Poema de Esteves - o sem metafísica)

Obs: Recomenda-se a leitura do poema Tabacaria em Álvaro de Campos)

Ouvir
mms://videos.tvcultura.com.br/provocacoes-videos/197-poesia-tabacaria.wma
ler
http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.html