segunda-feira, 5 de março de 2012

Fotos, dons e religião...

Certa vez um devoto encaminhou a seguinte carta a um informativo escandaloso em Los Alamos (fazemos aqui sua divulgação integral):

"Com o perdão de um devaneio...

Tem vezes, tenho a impressão que as religiões, mais as fatalistas, torcem para o fracasso cotidiano de Deus perante as pequenas coisas do mundo.
Vi uns trabalhos fotográficos de arte, e o dom daquela fotografa me tocou de tal modo que supus que só poderia haver um dom e um deus por de traz daquele dom. Tinha beleza naquelas fotos sobre coisas mais banais e algumas até imundas... Quando vejo arte e quem sabe, o sol de amanhã, sentirei que se há um deus, um poderoso, ele não está nada derrotado pelas mazelas do mundo. Ele está lindo por de traz de tudo, pondo beleza em algum aspecto, algum angulo de todas as coisas. Uma ironia que faz presença até nas fotos de guerra. Deus figura em alegria e até alguma beleza por de traz de tudo..

O engraçado, é que nada disso seria entendido nem por devotos nem por marxistas...(pena!)

Contar com o sucesso da desgraça, para mitigar deus a um plano futura, não vê-lo em tudo, esconde-lo e oculta-lo por de traz de tristezas tão humanas, pequenos medos de sentir dor, isso sim teria que ser repensado, pecado.

Não querer que a vida seja o que é? Não querer que a vida tenha o que tem? Dores, morte, alegrias, momentos...

Mas, até disso e nisso deus deve ter posto alguma beleza... e sorri...

Obrigado...(mãos postas)

Pode ser tarde... pode ser sono..."


Num meio-dia de fim de primavera 
Tive um sonho como uma fotografia. 
Vi Jesus Cristo descer à terra. 
Veio pela encosta de um monte 
Tornado outra vez menino, 
A correr e a rolar-se pela erva 
E a arrancar flores para as deitar fora 
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu. 
(Fernando Pessoa)